segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Crise (de mentalidade)


Há, pelo menos 13 anos que e fala em crise, mas só agora as pessoas se começam a aperceber do que isso realmente significa. Aperceber, porque tomar consciência é algo diferente e parece demorar. A nossa mentalidade Portuguesa está em crise, isso sim, e ninguém parece dar-se conta ou importar-se. Quem vê e fala é mal interpretado e raramente aceite como tendo uma opinião válida e realista...
Agora um estudo revelou que os Portugueses estão no fim da lista dos Europeus mais felizes. Ora... onde está a novidade? Somos o povo do fado, dos brandos costumes, da nostalgia, do "vai-se andando". Somos um povo sem grande vivacidade por natureza cultural. Qual é a surpresa com relação a sermos pouquíssimo felizes? Faz parte da nossa cultura, da nossa herança, da nossa postura enquanto povo. Nem pensem associar isso à mal fadada e mal falada crise!
Já agora, olhemos para trás, observemos a nossa história, não é difícil perceber que as finanças começaram a correr mal aquando da nossa adesão à, então, CEE. O Sr. Mário Soares assinou a nossa adesão com a promessa cumprida de fundos (a fundo perdido?), de créditos e apoios, e ninguém se opôs, pois, se é para receber venha ele, certo? Agora vemos o fundo perdido, porque estamos nós perdidos no fundo! Daí em diante foi um avolumar, um acumular, um aumentar, sempre a esconder.
O FMI já nos tinha visitado em 80s, os funcionários públicos já tinham visto os seus rendimentos diminuídos, pela mão do então Primeiro Ministro Mário Soares. É curioso, portanto, que agora a mesma medida seja por ele vista como um (cito) disparate tremendo. O que mudou, afinal? A medida é tomada por outra pessoa, de outro partido, e torna-se disparatada? Como diria o saudoso Tony (Feio): Hesito... isto parece-me conversa da treta.
Enfim, vivendo neste país é impossível não ter uma opinião sobre as medidas que nos afectam, não obstante ser uma opinião breve, porque é preciso trabalhar, não há tempo para muitas manifestações de pensamento.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Será demais?

Será o sonho algo de excessivo? Será demais querer algo uma vida inteira? Poderá ser obsessivo ao ponto de ter reflexos físicos?
Sonha-se, imagina-se, guarda-se o sofrimento duma ansiedade que nos sufoca ao mesmo tempo que nos invade de vida e de força, que nos motiva e empurra na vida. Vai-se aguentando dentro de certos limites, afinal, um sonho é imaterial, carrega-se e impulsiona-se mas não se palpa. E quando se torna possível materialização? O medo primeiro, o pânico depois, a ansiedade que aumenta exponencialmente e quase nos faz explodir porque a espera foi tão longa que tem que ser já, não dá para protelar mais, simplesmente não dá! Agora, antes que o medo da materialização invada e paralise. Mas nada... um mês, e outro, e outro,... Conjecturam-se todas as hipóteses, afastam-se todas as hipóteses, até que parece haver uma luz, algo baça, algo tremelicante, mas uma luz a que nos agarramos com todas as forças e, embora se consiga justificar cada átomo, cada reflexo, é uma esperança que envolve e imobiliza, é tão grande e tão forte que embacia toda a realidade. E depois o nevoeiro dissipa e nada mudou, afinal...
Para a próxima! Para a próxima será!!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Manifestação?!


Assim que ouvi falar na manifestação / protesto da "geração à rasca" questionei-me de imediato sobre o que as pessoas pretendem. Não poderá haver dúvidas de que se trata duma base estanha para contestar...
Claro que o país está mal; claro que há injustiças; claro que há despesas infundadas por parte do nosso Estado e Governo; mas o que se pretende com um protesto deste género? A demissão em bloco do Governo não nos vai tirar o pé da lama em que nos afundamos. Nenhum outro partido vai conseguir superar e solucionar as nossas dificuldades de um momento para o outro; por dois motivos essenciais: primeiro - ninguém sabe exactamente quão fundo está o nosso pé enterrado; segundo - não existem milagres! Tudo leva tempo para acontecer.
Sim, é um facto que muito está mal neste país e que muito deve ser mudado; mas ninguém no Parlamento é inocente. Nem mesmo os que defendem o proletariado e o trabalhador. Seja feita uma pesquisa a esses deputados e membros de partido e muitas nódoas serão descobertas.
Entretanto surgiu muito alarido em torno da nova música dos Deolinda. Ouvi com atenção e li a letra. Não lhe encontrei uma crítica ao sistema mas uma chamada de atenção à própria geração; pois se não, vejamos: quem os forçou a fazer um curso superior? Quem lhes disse que estudasse sem antes analisar bem e avaliar bem as saídas profissionais? Quem lhes disse que o canudo era a solução?
Pois é muito fácil continuar a estudar, a ter vida académica, a protelar, a viver de mesada, até que isso acaba e depois... depois nada! Porque não pensaram que mais cedo ou mais tarde teriam que encarar a realidade de serem adultos e deixar para trás a vida de estudante. Agora, de quem é a culpa de terem estudado e não conseguirem entrar no mercado de trabalho?
Como podem agora ser inventados empregos para quem andou contente e feliz a estudar sem pensar no dia de amanhã? A vida está difícil para todos. Se as saídas e futuro profissional tivessem estado presentes na sua consciência teriam iniciado a sua actividade profissional mais cedo, mesmo durante o estudo; mas é preferível viver academicamente, certo?
Geração quinhentoseurista, ouvi dizer. E qual é o problema? Faço parte desta geração: ganho 500€ por mês. Não é por isso que estou a viver à custa dos pais e não é por isso que adio a minha família. Tenho emprego (no meu caso é mais trabalho, porque emprego é o que a maioria das pessoas procura), tenho casa própria, tenho carro e tenho família; durante 3 anos vivi com 250€ por mês porque metade do meu ordenado pagava uma prestação. Com esse valor sustentava a minha casa e ainda me sobrava para mim, a nível pessoal. Nunca me passou pela cabeça ir para a rua reclamar que queria um vencimento compatível com a minha formação académica!
Amigos: é menos vergonhoso ganhar pouco e poder ter vida do que andar a reclamar que não se ganha nada e ser sustentado pelos pais. O pior é que quem está nesta situação, na maioria dos casos, não melhora porque não quer. Se está difícil com licenciatura, ainda fazem mestrado; se não conseguem na sua área, não consideram outras. Para começar a trabalhar, como na minha área estava difícil, menti ao meu primeiro empregador - apresentei o 12º ano como habilitação. Nesse emprego e no seguinte consegui aprender. Empenhei-me o mais que pude e, quando surgiu trabalho na minha área, mudei. Não ganho o que devia, no entanto, gosto do que faço, aprendo e desenvolvo enquanto pessoa.
É muito fácil lamentar e criticar; qualquer um faz isso; difícil é arregaçar as mangas e correr atrás da vida. Isso ninguém quer fazer.
Se vivêssemos numa sociedade utópica viriam convidar-nos para trabalhar, ou melhor, ocupar um cargo, assim que terminássemos o curso; no entanto, tal não acontece. Ainda assim... continuamos a formar-nos e a esperar que o futuro mude, que as empresas inventem clientes e dinheiro para nos oferecer cargos e altos vencimentos. Quando iremos nós parar para reflectir sobre isto, tão simples: quando todo o país tiver cursos superiores e ninguém tiver trabalho na sua área, porque o mercado está saturado, quem vai desenvolver este país? Porque não é o Governo quem desenvolve Portugal, é quem trabalha! E não é apenas quem tem um computador e uma secretária que trabalha, pois para haver vendas, exportações e alimentação, é necessário haver quem ponha mãos à obra. Quem descerá do seu canudo antes de andar a bradar aos céus e a dizer que está tudo mal e que a culpa é do Governo. É um facto que o Governo incentiva e apoia o estudo, mas não obriga ninguém...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tired and done

E assim termina.... acabou a minha força, a minha paciência, a minha resistência. Já não dá mais; esgotou; drenou; foi até à última gota. Agora não há mais que se possa pedir, não há mais que se possa dar, não há mais que se possa oferecer. Tudo o que resta são migalhas, pequenas gotículas do que antes era enorme. Foi!...
Continuarei sempre o teu braço, o teu ombro, o teu abraço e o teu calor, mas sem a energia e sem a resistência que sempre foi a minha. Afinal, nada no mundo é interminável, nem mesmo eu