segunda-feira, 14 de setembro de 2009
A caminho...
Podemos fazer a diferença na vida das pessoas com quem nos cruzamos! Alegrando-nos com a originalidade de cada pessoa, vendo o outro como uma dádiva que vem à minha vida. Desafiando a que o outro possa escolher sempre a vida, alimentando sonhos, escutando os anseios do coração. Muitas vezes a vida quer arrebatar-nos a fé no amor, no bem, na verdade e no entusiasmo pela própria vida, mas não podemos abrir mão de algo tão precioso sem dar luta! E porque dentro de nós há uma Força que nos ajuda a triunfar... só podemos mesmo pôr-nos a caminho.
A forma como vivemos as nossas vidas faz toda a diferença, porque mais do que palavras de evangelização, precisamos de exemplos, de coisas concretas! Desejamos todos ter uma vida plena mas muitas vezes deixamo-nos simplesmente viver, andando ao sabor das ondas! Tenho a certeza que se escutarmos os anseios do coração, bem dentro de nós há uma vontade de querer ser mais! Diante de mim, de ti, está um futuro, a minha, a tua vida... tudo está aberto, cheio de possibilidades fascinantes. Quantas vezes não desejariamos saber o que fazer, por onde ir, o que tem sentido, o que vale a pena.
Acredito que dentro de cada um de nós há algo que só a nós pertence, que nos torna únic@s: o nosso segredo mais íntimo, os nossos sonhos... um sentido de vida, uma missão... Algo único que só nós podemos realizar. Nem sempre é fácil escutar a voz do coração, onde os sonhos habitam. Mas sem descobrirmos essa voz, vamos sentir que andamos ao sabor do vento... chei@s de interrogações, de medos...
Tantas situações são difíceis de compreender, tantos planos fracassados, expectativas quebradas... e um sentimento de impotência por não podermos controlar a nossa vida. E aquela pergunta fatal que muitas vezes nos impede de viver: Vale a pena continuar?
Nunca te dês por vencid@. Existem sempre outras possibilidades, precisamente aí, onde nós já nada vemos! Costuma dizer-se que Deus escreve direito por linhas tortas... Eu prefiro dizer que nada do que acontece na vida é por acaso... Alguns dos pensamentos que mais me cativam dizem o seguinte: "o universo é um lugar amigo, e nada do que acontece é por acaso.... não existem coisas boas nem más, mas sim uma série de acontecimentos aos quais atribuímos valor de acordo com a nossa educação/formação" ... não me compete atestar o valor destes pensamentos, mas posso assegurar que a nossa disposição interior faz toda a diferença, e a atitude que temos face ao que nos acontece pode gerar vida, ou pode gerar morte...
Por mais pequena que seja, cada decisão que realizamos permite o nosso fortalecimento, porque liberta energias e põe-nos em contacto com o que há de melhor em nós. Mesmo quando vemos que não era a decisão mais acertada... mas aí já estamos a abrir-nos a algo de muito profundo em nós, ao conhecimento do que levamos dentro. Não adianta esperar por grandes momentos para tomar decisões importantes, para realizar sonhos... não te deixes viver apenas... vive cada momento consciente de que essas decisões começam aqui, já, agora.
"Por natureza, o medo faz-me recuar. Com o amor, não só vou em frente, mas voo." Teresa de Lisieux
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Carta ao meu filho
Quantas cartas já te escrevi, meu filho... quantas páginas, quantas palavras te dirigi, quantas se perderam em cadernos e folhas soltas e outras quantas nunca se viram materializadas. Quero tanto que me conheças antes de ti, sempre contigo, que acabo por me mostrar sempre assim. Há mais de mim do que isto mas, por vezes, percebo que não; que me engano, simplesmente e me escondo por detrás do resto que sou. Por detrás de ti, por exemplo. Já te tive de tantas formas, já vivemos tantos episódios, já te eduquei e formei de formas tão diversas, já foste mulher, dois, rapaz e menina. És um dos que me acompanham. És tu que vejo quando me olho ao espelho e percebo que envelheci sem que a minha barriga crescesse, para além do inchaço ocasional. És tu com quem falo a toda a hora; tu de que sinto falta; tu o meu amor, o meu amante, o meu amigo, o meu filho, a minha razão de viver. Já foste o meu único motivo de prisão à vida. A única coisa que sempre quis. Agora tento compensar a tua falta. Digo que não posso porque não poderia receber-te mas a verdade é que não sei se tenho medo ou se te prefiro aqui, dentro de mim, protegido, guardado, só meu, só como eu quero, só para me fazer companhia quando quero estar só. Quero estar só tantas vezes; tantas que são quase todas. Porque será que ninguém respeita a minha vontade, a minha necessidade de estar só, de estar contigo, de abraçar a minha barriga e encolher as pernas e, quem sabe, chorar. Sou de choro fácil. Demasiado fácil, mas não choro quando preciso, não liberto o que me atormenta.
Será isso possível? Libertação? Todos os pormenores me fazem pensar e me trazem lembranças, cheiros, sabores, imagens e toques. Por vezes penso que sou eu que os procuro, que na minha busca incessante de libertação arrasto todas as tormentas de que me livro.
Meu amor, vens esgueirar-te para a minha cama e consigo ter cuidado nos movimentos para não te magoar. Agarro-me a coisas que nada têm a ver contigo, não por substituição, mas por compensação. Percebo, agora, e aceito, que a responsabilidade que carrego é uma prisão que me liberta de aceitar que me compensa da tua falta, e digo que é uma preparação para ti. (...) E eu estou tão cansada... Terei eu força para viver até te ter nos meus braços, com toda a minha racionalidade e as minhas faculdades intactas? É muita coisa para mim e, percebo, cada vez mais, que não é possível delegar. Fazê-lo seria tão somente criar uma ponte. Tanto que eu faço para me afastar da realidade que não quero e da vida que não venço. Estarei eu a viver uma mentira? Se calhar um dia acordo e percebo que nada disto é real; que a sensação de anestesia que sempre senti era realmente um efeito secundário, ou directo, de nada disto ser verdade, e tu existas mesmo, meu filho; talvez estejas algures, cativo de mim, do meu toque, da minha presença, do meu amor... não. Do meu amor não estás cativo.
Tanto que eu não vou poder dizer-te, meu filho. Tanto porque não sei onde estarei quando, finalmente, te tiver nos braços. Estou tão cansada, meu amor... Quem me dera acordar e ter esquecido.