E o ano vai mudar... outra vez...
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Feliz 2010
E o ano vai mudar... outra vez...
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Também fui...
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
duas viagens inspiradoras
hoje queria partilhar convosco algo que me tem marcado bastante nestas semanas... no outro dia, ao pesquisar um assunto na internet, fui parar a uma notícia que falava de alguém que foi viajar pelo Equador. Nessa notícia, havia imensas fotos que retratavam a realidade encontrada neste país, e alguns relatos de viagem... e o que mais me marcou foi a história de duas crianças que esta pessoa encontrou, o Juan, de 10 anos, e o Eduardo, de 12. Este miúdos percorrem o Equador com os seus números de malabarismo e equilibrismo... são duas crianças apenas! Mas a verdade é que estão a cargo um do outro. Vivem sozinhos há 5 anos, altura em que os seus pais, também eles artistas de rua, os abandonaram enquanto eles estavam a fazer o seu número numa praça, junto de uma igreja, no Quito. De facto, receberam imensos aplausos e muitas moedas... mas nunca mais viram os pais. O mais impressionante, é ver que os dois ficaram ali na praça... à espera que os pais voltassem... provavelmente porque os seus corações de criança não poderiam conceber a ideia de uns pais que desaparecem sem dizer nada, muito menos que os abandonassem... Dormiram ali na praça, ao relento, durante uma semana... até decidirem que deviam "fazer-se à estrada" e fazer o que melhor sabiam para poderem sobreviver. Citando as palavras de uma das crianças, o Juan, "Não sabemos o que lhes aconteceu mas ainda temos esperança de os encontrar na estrada.", vejo como a esperança não é única a restar quando tudo parece terminar... o amor também permanece... até ao fim! Que pode levar este menino de 10 anos a ter a esperança de encontrar os pais, senao o amor que existe dentro? Amor de criança, inocente, brilhante, que não se deixa afectar pelo rancor, ou por histórias que muitas vezes nós adultos vamos imaginando dentro de nós e que tanto afectam a nossa realação com os outros. "Ah, não lhe ligo porque ele também não me liga a mim." ou "eu, falar com aquela pessoa? ... nem pensar, magoou-me muito, estou muito zangada!" ... enfim... são tantos os exemplos... Destas crianças, aprendo esse amor desinteressado, livre, alegre... "Hoje estamos bem, amanha logo se vê".
Por outro lado, parte-se o coração ao ver que estas crianças (e muitas outras bem sei) estão privadas de tanto a que têm direito... família, casa, comida sobre a mesa e em ambiente de família, escola, educação, .... tanta coisa a que lhes está vedado o acesso...
Visitem http://jn.sapo.pt/blogs/nomada/default.aspx
Outra história que muito me marcou é a de um jovem espanhol, nascido em Barcelona, jornalista, que um dia resolve fazer uma viagem diferente. Chega à agencia de viagens e diz que quer ir para qualquer lugar... Pedem-lhe que feche os olhos e aponte para um sitio no mapa... e apontou para a India. Coincidência? Não me parece! Viaja para a India e no meio das suas descobertas pelos mais variados locais, descobre um orfanato que está prestes a ser encerrado. Jaume Sanllorente vê-se, assim, frente a uma realidade completamente nova... assustadoramente real! Como fechar os olhos a tanta pobreza, a tantas crianças que são roubadas por redes organizadas que depois mutilam essas mesmas crianças para que possam tocar mais o coração das pessoas quando as põem a mendigar? Como fechar os olhos a tantas crianças inocentes, privadas da sua infância, privadas do seu próprio corpo, exploradas por mafias para quem a vida não tem valor ... pois se uma criança morrer, logo encontram outra... Como fechar os olhos a uma realidade em que os próprios pais mutilam as crianças para que não sejam sequestradas por estas máfias, e poderem ao menos viver em família, já que eles não sequestram crianças que já estejam mutiladas, porque podem já pertencer a outros grupos, e nenhum grupo toca nas crianças do outro grupo... Jaume sentiu-se profundamente tocado por esta realidade, e perante um orfanato com cerca de 40 crianças que corria risco de ser fechado e as crianças serem enviadas para as ruas, Jaume sente que não pode fechar nem os olhos, nem o coraçao. Volta entao a Barcelona, despede-se, vende o apartamento, volta à India, e aplica o seu dinheiro no orfanato. Cria assim uma ONG com o nome "Sonrisas de Bombay" (sorrisos de bombaim), desenvolvendo projectos de apoio às realidades mais pobres de Bombay, incluindo os leprosos, que são considerados intocáveis. Esta não é certamente a realidade tão pobre que a novela da Sic transmite, onde tudo é tão colorido, inclusive o mundo dos Dalit... mas será que sabem o que é de facto o mundo dos intocáveis? não é como na novela.... é uma realidade MUITO dolorosa, assustadora, mas real!
Esta viagem tocou-lhe a alma e o coração... Um jovem que certamente vivia no conforto, seguiu um chamamento interior ao amor, a dar-se completamente, deixando TUDO para poder renovar uma realidade destruida... e hoje, tem um sorriso que espelha bem a alegria interior desta opção. É uma pessoa feliz... um rosto de Deus no mundo actual (creio eu). Hoje, os frutos da sua opção já ultrapassaram as 5000 pessoas, incluindo crianças, doentes, e outras pessoas carenciadas, para além de dar emprego a muitas pessoas através da organização e das escolas que vai construindo.
Visitem http://www.sonrisasdebombay.org/nosotros.html
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
E é Natal outra vez...
Estamos a meio de Novembro e no meu prédio já há pisca-pisca de luzinhas. Questiono-me para quê. Se houver crianças naquela casa até poderei ser flexível; afinal, lembro-me de fazer a árvore de Natal por esta altura, só pelo prazer de a fazer e de a ver ali, colorida, iluminada, brilhante. Mas depois passava. Afinal do que eu gostava era de a fazer, de colocar as bolas, as fitas, de posicionar as figuras no presépio. Depois de a fazer, alguns dias depois, estava decepcionada por já a ter feito. Apetecia-me tirar tudo e vou voltar a fazer, quando me desse aquela vontade ansiosa de novo. Alguns anos depois deixei de gostar do Natal. Foi mesmo assim: radical - deixei de gostar.
Vou avançar!
Eis no que meio da loucura a que me sujeita esta vida, de entre a insanidade em que me mergulham as circunstâncias do dia-a-dia, se ergue a toda a força, rasgando a hesitação, qual ser que quebra a terra seca e se impõe com um rugido...o momento! Aquele momento pelo qual esperei tantos anos; o momento que eu sabia que havia de chegar e que não podia ser adiado ou apressado; o momento de "tem que ser agora; não posso esperar mais". É libertador, é dominador, é intenso ao ponto da lágrima. É agora! Decidi! Não vou esperar pelo próximo ano. Nos dias de férias entre o Natal e o Novo Ano vou entregar a documentação que iniciará uma nova etapa na minha vida; a etapa porque sempre ansiei e, tenho que o admitir, sempre temi (e admito ainda mais do meu íntimo, ainda temo e tremo).
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
A caminho...
Podemos fazer a diferença na vida das pessoas com quem nos cruzamos! Alegrando-nos com a originalidade de cada pessoa, vendo o outro como uma dádiva que vem à minha vida. Desafiando a que o outro possa escolher sempre a vida, alimentando sonhos, escutando os anseios do coração. Muitas vezes a vida quer arrebatar-nos a fé no amor, no bem, na verdade e no entusiasmo pela própria vida, mas não podemos abrir mão de algo tão precioso sem dar luta! E porque dentro de nós há uma Força que nos ajuda a triunfar... só podemos mesmo pôr-nos a caminho.
A forma como vivemos as nossas vidas faz toda a diferença, porque mais do que palavras de evangelização, precisamos de exemplos, de coisas concretas! Desejamos todos ter uma vida plena mas muitas vezes deixamo-nos simplesmente viver, andando ao sabor das ondas! Tenho a certeza que se escutarmos os anseios do coração, bem dentro de nós há uma vontade de querer ser mais! Diante de mim, de ti, está um futuro, a minha, a tua vida... tudo está aberto, cheio de possibilidades fascinantes. Quantas vezes não desejariamos saber o que fazer, por onde ir, o que tem sentido, o que vale a pena.
Acredito que dentro de cada um de nós há algo que só a nós pertence, que nos torna únic@s: o nosso segredo mais íntimo, os nossos sonhos... um sentido de vida, uma missão... Algo único que só nós podemos realizar. Nem sempre é fácil escutar a voz do coração, onde os sonhos habitam. Mas sem descobrirmos essa voz, vamos sentir que andamos ao sabor do vento... chei@s de interrogações, de medos...
Tantas situações são difíceis de compreender, tantos planos fracassados, expectativas quebradas... e um sentimento de impotência por não podermos controlar a nossa vida. E aquela pergunta fatal que muitas vezes nos impede de viver: Vale a pena continuar?
Nunca te dês por vencid@. Existem sempre outras possibilidades, precisamente aí, onde nós já nada vemos! Costuma dizer-se que Deus escreve direito por linhas tortas... Eu prefiro dizer que nada do que acontece na vida é por acaso... Alguns dos pensamentos que mais me cativam dizem o seguinte: "o universo é um lugar amigo, e nada do que acontece é por acaso.... não existem coisas boas nem más, mas sim uma série de acontecimentos aos quais atribuímos valor de acordo com a nossa educação/formação" ... não me compete atestar o valor destes pensamentos, mas posso assegurar que a nossa disposição interior faz toda a diferença, e a atitude que temos face ao que nos acontece pode gerar vida, ou pode gerar morte...
Por mais pequena que seja, cada decisão que realizamos permite o nosso fortalecimento, porque liberta energias e põe-nos em contacto com o que há de melhor em nós. Mesmo quando vemos que não era a decisão mais acertada... mas aí já estamos a abrir-nos a algo de muito profundo em nós, ao conhecimento do que levamos dentro. Não adianta esperar por grandes momentos para tomar decisões importantes, para realizar sonhos... não te deixes viver apenas... vive cada momento consciente de que essas decisões começam aqui, já, agora.
"Por natureza, o medo faz-me recuar. Com o amor, não só vou em frente, mas voo." Teresa de Lisieux
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Carta ao meu filho
Quantas cartas já te escrevi, meu filho... quantas páginas, quantas palavras te dirigi, quantas se perderam em cadernos e folhas soltas e outras quantas nunca se viram materializadas. Quero tanto que me conheças antes de ti, sempre contigo, que acabo por me mostrar sempre assim. Há mais de mim do que isto mas, por vezes, percebo que não; que me engano, simplesmente e me escondo por detrás do resto que sou. Por detrás de ti, por exemplo. Já te tive de tantas formas, já vivemos tantos episódios, já te eduquei e formei de formas tão diversas, já foste mulher, dois, rapaz e menina. És um dos que me acompanham. És tu que vejo quando me olho ao espelho e percebo que envelheci sem que a minha barriga crescesse, para além do inchaço ocasional. És tu com quem falo a toda a hora; tu de que sinto falta; tu o meu amor, o meu amante, o meu amigo, o meu filho, a minha razão de viver. Já foste o meu único motivo de prisão à vida. A única coisa que sempre quis. Agora tento compensar a tua falta. Digo que não posso porque não poderia receber-te mas a verdade é que não sei se tenho medo ou se te prefiro aqui, dentro de mim, protegido, guardado, só meu, só como eu quero, só para me fazer companhia quando quero estar só. Quero estar só tantas vezes; tantas que são quase todas. Porque será que ninguém respeita a minha vontade, a minha necessidade de estar só, de estar contigo, de abraçar a minha barriga e encolher as pernas e, quem sabe, chorar. Sou de choro fácil. Demasiado fácil, mas não choro quando preciso, não liberto o que me atormenta.
Será isso possível? Libertação? Todos os pormenores me fazem pensar e me trazem lembranças, cheiros, sabores, imagens e toques. Por vezes penso que sou eu que os procuro, que na minha busca incessante de libertação arrasto todas as tormentas de que me livro.
Meu amor, vens esgueirar-te para a minha cama e consigo ter cuidado nos movimentos para não te magoar. Agarro-me a coisas que nada têm a ver contigo, não por substituição, mas por compensação. Percebo, agora, e aceito, que a responsabilidade que carrego é uma prisão que me liberta de aceitar que me compensa da tua falta, e digo que é uma preparação para ti. (...) E eu estou tão cansada... Terei eu força para viver até te ter nos meus braços, com toda a minha racionalidade e as minhas faculdades intactas? É muita coisa para mim e, percebo, cada vez mais, que não é possível delegar. Fazê-lo seria tão somente criar uma ponte. Tanto que eu faço para me afastar da realidade que não quero e da vida que não venço. Estarei eu a viver uma mentira? Se calhar um dia acordo e percebo que nada disto é real; que a sensação de anestesia que sempre senti era realmente um efeito secundário, ou directo, de nada disto ser verdade, e tu existas mesmo, meu filho; talvez estejas algures, cativo de mim, do meu toque, da minha presença, do meu amor... não. Do meu amor não estás cativo.
Tanto que eu não vou poder dizer-te, meu filho. Tanto porque não sei onde estarei quando, finalmente, te tiver nos braços. Estou tão cansada, meu amor... Quem me dera acordar e ter esquecido.