quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz 2010


E o ano vai mudar... outra vez...
Ouço, recebo, até retribuo os simpáticos votos de bom ano da praxe, mas, na verdade, não me agrada mudar de ano. Não sei o que me espera no outro lado do pano, por isso, não faz sentido celebrar o novo ano. Também há quem diga que se celebra o final do ano que passou. Certo; mas, apesar dos problemas, gostei do ano de 2009, fui feliz, como tenho sido, por isso, celebrar uma despedida, não faz sentido...
Antigamente, quando ainda estava em cima da cadeira a contar em decrescente, imaginava 12 blocos dourados que pisaria ao longo do meu percurso no ano que se seguiria. Agora tento fazê-lo mas não vejo o mesmo. Se calhar habituei-me demasiado ao dia de hoje e ao futuro próximo, ou talvez me esteja a deixar deslizar num certo conformismo. Se bem que... o que anseio para 2010 vai muito para além do que tenho em 2009. Ou então quero adiar o que está pendente e não me agrada tanto. São muitos "talvez", "quem sabe", "possivelmente" mas o facto é que realmente não tenho a menor vontade de mudar de ano!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Também fui...


Hoje fez parte do noticiário da tarde a situação dramática em que vive a sociedade actual, no que se refere a violência doméstica. É muito duro e é muito vergonhoso ver que tal se repete incessantemente mas que é condensado numa notícia, esmagada entre outras notícias, como se de apenas mais uma situação se tratasse. Aquelas mulheres merecem mais respeito! Inserir uma notícia no alinhamento, daquela forma, não é um chamar de atenção, é mais violência. Francamente, choca-me muito mais este tipo de violência do que atentados que matam milhares de inocentes. Perdoem-me o egoísmo mas vivi violência e nunca vivi um atentado. Se tivesse sido o inverso, de certo que teria uma perspectiva diferente.
Cresci com violência, a minha educação teve sempre esse pano de fundo e na idade adulta tive que lidar directamente com violência, por isso me choca, me revolta, me agonia ler, ver, ouvir, saber que tal existe de forma impune. Neste momento, já nem de marido e mulher se trata; as jovens na escola básica já sofrem caladas e, provavelmente, sem perceberem o que lhes está a acontecer, o que só auxilia a perpetuação do ciclo.
Não vou nem aflorar o que poderá estar na origem de tais comportamentos. Como toda a gente, tenho várias visões e perspectivas do ponto de partida. Mas não resisto a dizer isto: pais, mães, PAREM DE FAZER OS VOSSOS FILHOS ACREDITAR QUE PODEM TER TUDO O QUE QUISEREM! As pessoas não são posse, a escravatura há muito que terminou e, por mais diferenças que existam entre as pessoas, não há estratificação para o Ser Humano.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

duas viagens inspiradoras

olá...
hoje queria partilhar convosco algo que me tem marcado bastante nestas semanas... no outro dia, ao pesquisar um assunto na internet, fui parar a uma notícia que falava de alguém que foi viajar pelo Equador. Nessa notícia, havia imensas fotos que retratavam a realidade encontrada neste país, e alguns relatos de viagem... e o que mais me marcou foi a história de duas crianças que esta pessoa encontrou, o Juan, de 10 anos, e o Eduardo, de 12. Este miúdos percorrem o Equador com os seus números de malabarismo e equilibrismo... são duas crianças apenas! Mas a verdade é que estão a cargo um do outro. Vivem sozinhos há 5 anos, altura em que os seus pais, também eles artistas de rua, os abandonaram enquanto eles estavam a fazer o seu número numa praça, junto de uma igreja, no Quito. De facto, receberam imensos aplausos e muitas moedas... mas nunca mais viram os pais. O mais impressionante, é ver que os dois ficaram ali na praça... à espera que os pais voltassem... provavelmente porque os seus corações de criança não poderiam conceber a ideia de uns pais que desaparecem sem dizer nada, muito menos que os abandonassem... Dormiram ali na praça, ao relento, durante uma semana... até decidirem que deviam "fazer-se à estrada" e fazer o que melhor sabiam para poderem sobreviver. Citando as palavras de uma das crianças, o Juan, "Não sabemos o que lhes aconteceu mas ainda temos esperança de os encontrar na estrada.", vejo como a esperança não é única a restar quando tudo parece terminar... o amor também permanece... até ao fim! Que pode levar este menino de 10 anos a ter a esperança de encontrar os pais, senao o amor que existe dentro? Amor de criança, inocente, brilhante, que não se deixa afectar pelo rancor, ou por histórias que muitas vezes nós adultos vamos imaginando dentro de nós e que tanto afectam a nossa realação com os outros. "Ah, não lhe ligo porque ele também não me liga a mim." ou "eu, falar com aquela pessoa? ... nem pensar, magoou-me muito, estou muito zangada!" ... enfim... são tantos os exemplos... Destas crianças, aprendo esse amor desinteressado, livre, alegre... "Hoje estamos bem, amanha logo se vê".
Por outro lado, parte-se o coração ao ver que estas crianças (e muitas outras bem sei) estão privadas de tanto a que têm direito... família, casa, comida sobre a mesa e em ambiente de família, escola, educação, .... tanta coisa a que lhes está vedado o acesso...

Visitem http://jn.sapo.pt/blogs/nomada/default.aspx

Outra história que muito me marcou é a de um jovem espanhol, nascido em Barcelona, jornalista, que um dia resolve fazer uma viagem diferente. Chega à agencia de viagens e diz que quer ir para qualquer lugar... Pedem-lhe que feche os olhos e aponte para um sitio no mapa... e apontou para a India. Coincidência? Não me parece! Viaja para a India e no meio das suas descobertas pelos mais variados locais, descobre um orfanato que está prestes a ser encerrado. Jaume Sanllorente vê-se, assim, frente a uma realidade completamente nova... assustadoramente real! Como fechar os olhos a tanta pobreza, a tantas crianças que são roubadas por redes organizadas que depois mutilam essas mesmas crianças para que possam tocar mais o coração das pessoas quando as põem a mendigar? Como fechar os olhos a tantas crianças inocentes, privadas da sua infância, privadas do seu próprio corpo, exploradas por mafias para quem a vida não tem valor ... pois se uma criança morrer, logo encontram outra... Como fechar os olhos a uma realidade em que os próprios pais mutilam as crianças para que não sejam sequestradas por estas máfias, e poderem ao menos viver em família, já que eles não sequestram crianças que já estejam mutiladas, porque podem já pertencer a outros grupos, e nenhum grupo toca nas crianças do outro grupo... Jaume sentiu-se profundamente tocado por esta realidade, e perante um orfanato com cerca de 40 crianças que corria risco de ser fechado e as crianças serem enviadas para as ruas, Jaume sente que não pode fechar nem os olhos, nem o coraçao. Volta entao a Barcelona, despede-se, vende o apartamento, volta à India, e aplica o seu dinheiro no orfanato. Cria assim uma ONG com o nome "Sonrisas de Bombay" (sorrisos de bombaim), desenvolvendo projectos de apoio às realidades mais pobres de Bombay, incluindo os leprosos, que são considerados intocáveis. Esta não é certamente a realidade tão pobre que a novela da Sic transmite, onde tudo é tão colorido, inclusive o mundo dos Dalit... mas será que sabem o que é de facto o mundo dos intocáveis? não é como na novela.... é uma realidade MUITO dolorosa, assustadora, mas real!
Esta viagem tocou-lhe a alma e o coração... Um jovem que certamente vivia no conforto, seguiu um chamamento interior ao amor, a dar-se completamente, deixando TUDO para poder renovar uma realidade destruida... e hoje, tem um sorriso que espelha bem a alegria interior desta opção. É uma pessoa feliz... um rosto de Deus no mundo actual (creio eu). Hoje, os frutos da sua opção já ultrapassaram as 5000 pessoas, incluindo crianças, doentes, e outras pessoas carenciadas, para além de dar emprego a muitas pessoas através da organização e das escolas que vai construindo.

Visitem http://www.sonrisasdebombay.org/nosotros.html

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

E é Natal outra vez...


Estamos a meio de Novembro e no meu prédio já há pisca-pisca de luzinhas. Questiono-me para quê. Se houver crianças naquela casa até poderei ser flexível; afinal, lembro-me de fazer a árvore de Natal por esta altura, só pelo prazer de a fazer e de a ver ali, colorida, iluminada, brilhante. Mas depois passava. Afinal do que eu gostava era de a fazer, de colocar as bolas, as fitas, de posicionar as figuras no presépio. Depois de a fazer, alguns dias depois, estava decepcionada por já a ter feito. Apetecia-me tirar tudo e vou voltar a fazer, quando me desse aquela vontade ansiosa de novo. Alguns anos depois deixei de gostar do Natal. Foi mesmo assim: radical - deixei de gostar.
Com o passar dos anos fui descobrindo motivos para desgostar, mas eram meras desculpas para justificar um corte abrupto que nunca havia justificado.
Este ano, contudo, algo de muito estranho de passa. Este ano estou a gostar de ver decorações de Natal, não nas varandas, mas nas lojas. Já dei por mim a observar decorações e a querer comprá-las; pior! Dei por mim a bater o pé (mentalmente, claro) porque queria comprar aquela peça mas não ficaria bem na sala por ser vermelha. Eu!? A querer decorações de Natal!! Chamem o INEM e internem-me que é desta; já não tenho retorno...
Entretanto, penso que percebi o que se passa... foi o momento que chegou... aquele momento a que me referi noutra entrada. "O" momento! Mas esse... é para saborear

Vou avançar!


Eis no que meio da loucura a que me sujeita esta vida, de entre a insanidade em que me mergulham as circunstâncias do dia-a-dia, se ergue a toda a força, rasgando a hesitação, qual ser que quebra a terra seca e se impõe com um rugido...o momento! Aquele momento pelo qual esperei tantos anos; o momento que eu sabia que havia de chegar e que não podia ser adiado ou apressado; o momento de "tem que ser agora; não posso esperar mais". É libertador, é dominador, é intenso ao ponto da lágrima. É agora! Decidi! Não vou esperar pelo próximo ano. Nos dias de férias entre o Natal e o Novo Ano vou entregar a documentação que iniciará uma nova etapa na minha vida; a etapa porque sempre ansiei e, tenho que o admitir, sempre temi (e admito ainda mais do meu íntimo, ainda temo e tremo).
Longa será a espera mas vital a minha determinação. Venha o que vier, aconteça o que acontecer, não vou hesitar mais. Decidi! O momento chegou

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A caminho...

Seguramente conhecemos pessoas que trazem dentro uma inquietação que não as deixa conformarem-se simplesmente com o que encontram... se calhar até nós própri@s sentimos esse desejo de ir mais além, na busca de um sentido de vida. Quantas interrogações não surgem ... Quem sou eu? O que faço aqui? Para que sirvo? A minha vida tem sentido? Existe um Deus? Sou digna/o d'Ele?
Podemos fazer a diferença na vida das pessoas com quem nos cruzamos! Alegrando-nos com a originalidade de cada pessoa, vendo o outro como uma dádiva que vem à minha vida. Desafiando a que o outro possa escolher sempre a vida, alimentando sonhos, escutando os anseios do coração. Muitas vezes a vida quer arrebatar-nos a fé no amor, no bem, na verdade e no entusiasmo pela própria vida, mas não podemos abrir mão de algo tão precioso sem dar luta! E porque dentro de nós há uma Força que nos ajuda a triunfar... só podemos mesmo pôr-nos a caminho.
A forma como vivemos as nossas vidas faz toda a diferença, porque mais do que palavras de evangelização, precisamos de exemplos, de coisas concretas! Desejamos todos ter uma vida plena mas muitas vezes deixamo-nos simplesmente viver, andando ao sabor das ondas! Tenho a certeza que se escutarmos os anseios do coração, bem dentro de nós há uma vontade de querer ser mais! Diante de mim, de ti, está um futuro, a minha, a tua vida... tudo está aberto, cheio de possibilidades fascinantes. Quantas vezes não desejariamos saber o que fazer, por onde ir, o que tem sentido, o que vale a pena.
Acredito que dentro de cada um de nós há algo que só a nós pertence, que nos torna únic@s: o nosso segredo mais íntimo, os nossos sonhos... um sentido de vida, uma missão... Algo único que só nós podemos realizar. Nem sempre é fácil escutar a voz do coração, onde os sonhos habitam. Mas sem descobrirmos essa voz, vamos sentir que andamos ao sabor do vento... chei@s de interrogações, de medos...
Tantas situações são difíceis de compreender, tantos planos fracassados, expectativas quebradas... e um sentimento de impotência por não podermos controlar a nossa vida. E aquela pergunta fatal que muitas vezes nos impede de viver: Vale a pena continuar?
Nunca te dês por vencid@. Existem sempre outras possibilidades, precisamente aí, onde nós já nada vemos! Costuma dizer-se que Deus escreve direito por linhas tortas... Eu prefiro dizer que nada do que acontece na vida é por acaso... Alguns dos pensamentos que mais me cativam dizem o seguinte: "o universo é um lugar amigo, e nada do que acontece é por acaso.... não existem coisas boas nem más, mas sim uma série de acontecimentos aos quais atribuímos valor de acordo com a nossa educação/formação" ... não me compete atestar o valor destes pensamentos, mas posso assegurar que a nossa disposição interior faz toda a diferença, e a atitude que temos face ao que nos acontece pode gerar vida, ou pode gerar morte...
Por mais pequena que seja, cada decisão que realizamos permite o nosso fortalecimento, porque liberta energias e põe-nos em contacto com o que há de melhor em nós. Mesmo quando vemos que não era a decisão mais acertada... mas aí já estamos a abrir-nos a algo de muito profundo em nós, ao conhecimento do que levamos dentro. Não adianta esperar por grandes momentos para tomar decisões importantes, para realizar sonhos... não te deixes viver apenas... vive cada momento consciente de que essas decisões começam aqui, já, agora.

"Por natureza, o medo faz-me recuar. Com o amor, não só vou em frente, mas voo." Teresa de Lisieux

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Carta ao meu filho

Quantas cartas já te escrevi, meu filho... quantas páginas, quantas palavras te dirigi, quantas se perderam em cadernos e folhas soltas e outras quantas nunca se viram materializadas. Quero tanto que me conheças antes de ti, sempre contigo, que acabo por me mostrar sempre assim. Há mais de mim do que isto mas, por vezes, percebo que não; que me engano, simplesmente e me escondo por detrás do resto que sou. Por detrás de ti, por exemplo. Já te tive de tantas formas, já vivemos tantos episódios, já te eduquei e formei de formas tão diversas, já foste mulher, dois, rapaz e menina. És um dos que me acompanham. És tu que vejo quando me olho ao espelho e percebo que envelheci sem que a minha barriga crescesse, para além do inchaço ocasional. És tu com quem falo a toda a hora; tu de que sinto falta; tu o meu amor, o meu amante, o meu amigo, o meu filho, a minha razão de viver. Já foste o meu único motivo de prisão à vida. A única coisa que sempre quis. Agora tento compensar a tua falta. Digo que não posso porque não poderia receber-te mas a verdade é que não sei se tenho medo ou se te prefiro aqui, dentro de mim, protegido, guardado, só meu, só como eu quero, só para me fazer companhia quando quero estar só. Quero estar só tantas vezes; tantas que são quase todas. Porque será que ninguém respeita a minha vontade, a minha necessidade de estar só, de estar contigo, de abraçar a minha barriga e encolher as pernas e, quem sabe, chorar. Sou de choro fácil. Demasiado fácil, mas não choro quando preciso, não liberto o que me atormenta.

Será isso possível? Libertação? Todos os pormenores me fazem pensar e me trazem lembranças, cheiros, sabores, imagens e toques. Por vezes penso que sou eu que os procuro, que na minha busca incessante de libertação arrasto todas as tormentas de que me livro.

Meu amor, vens esgueirar-te para a minha cama e consigo ter cuidado nos movimentos para não te magoar. Agarro-me a coisas que nada têm a ver contigo, não por substituição, mas por compensação. Percebo, agora, e aceito, que a responsabilidade que carrego é uma prisão que me liberta de aceitar que me compensa da tua falta, e digo que é uma preparação para ti. (...) E eu estou tão cansada... Terei eu força para viver até te ter nos meus braços, com toda a minha racionalidade e as minhas faculdades intactas? É muita coisa para mim e, percebo, cada vez mais, que não é possível delegar. Fazê-lo seria tão somente criar uma ponte. Tanto que eu faço para me afastar da realidade que não quero e da vida que não venço. Estarei eu a viver uma mentira? Se calhar um dia acordo e percebo que nada disto é real; que a sensação de anestesia que sempre senti era realmente um efeito secundário, ou directo, de nada disto ser verdade, e tu existas mesmo, meu filho; talvez estejas algures, cativo de mim, do meu toque, da minha presença, do meu amor... não. Do meu amor não estás cativo.

Tanto que eu não vou poder dizer-te, meu filho. Tanto porque não sei onde estarei quando, finalmente, te tiver nos braços. Estou tão cansada, meu amor... Quem me dera acordar e ter esquecido.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A encruzilhada

Não há muitas pessoas que possam dizer que fazem o que gostam, que têm a profissão para a qual se formaram, que quiseram e pela qual ansiaram. Sem modéstia digo que tenho esse privilégio. Sou muito feliz na minha profissão e orgulho-me de a desempenhar. Não o faço pelo estatuto nem pela vida que (deveria) proporciona(r). Vejo-me no que faço, contudo, onde sempre esperei não chegar: a um troço do meu caminho em que a névoa impera e a dúvida se levanta como uma enorme sombra disforme, daquelas que podem ser uma árvore, um humano ou um mero marco de correio.
Não questiono a minha escolha de percurso, longe disso!, mas preciso de mais. Quero chegar mais alto e mais além e sinto que existe um telhado, uma parede invisível que me barra.
Por outro lado, mas não ao lado, como a expressão indica, é mais em cima, como uma camada, há o peso de uma sensação de sempre, que talvez seja só minha (ou não). Acompanha-me, desde que me lembro de introspectivar, a ideia de que me cabe fazer algo de importante, grande para mim e para quem disso receber. Seria bíblico e assustadoramente militar dizer missão, por isso direi... o quê? Objectivo? Intervenção? Seja o que for, tem vindo a escalar, a espalhar, como raízes na pintura de Frida Khalo.
Acredito que todos existimos com um objectivo paralelo ao de ser feliz e sufoca-me o tempo que passa sem que saiba o que me compete, sentindo esse tempo escassear e acenar de forma provocatória, como alguém que sorri dentro dum comboio que arranca, enquanto uma pessoa tenta abrir a porta para entrar.

Sarkozy e a imagem máscula


Vi e ouvi a notícia sobre os embaraços iniciados pela estatura de Sarkozy e devo concordar com o membro da oposição que disse tratar-se de algo grotesto. Sem dúvida que o é, e digo mais: é absurdo e é ridículo; é mesquinho e é indignante - que se ponha em ribalta algo tão fútil e supremamente irrelevante como é o caso da estatura de uma pessoa. Não acredito que ele tenha procedido ao casting de funcionárias da empresa visitada, como foi acusado. Afinal, ele é casado com Carla Bruni! Mas alguém o fez por ele, decerto.
É inegável que a imagem é importante mas a velha máxima "os homens não se medem aos palmos" é das mais realmente verdadeiras que conheço. AS pessoas não são produtos ou acessórios que têm que "ficar bem" na fotografia ou compor um casal.
- Quero esta personalidade mas num tamanho maior, se faz favor.
- Não tem?
- É pena... É uma pessoa única mas não me pode acompanhar. Não me fica bem.
Quem foi, afinal, que determinou que os homens têm que ser altos e as mulheres não podem estar acima?

terça-feira, 8 de setembro de 2009

As origens

Por fim este projecto sai do querer e avança pelas portas abertas do fazer. Passeia-se na minha vontade desde o tempo das cassetes, do VHS, do walkman e dos cadernos pretos com desenhos feitos a tinta correctora. Até parece que sou jurássica! Na verdade, muitas vezes dou por mim a envelhecer cinquenta anos num segundo. Num snap o meu rosto encarquilha, as minhas costas arqueiam, o meu cabelo branqueia seco e as minhas roupas transformam-se em velho tecido preto gasto. Tudo isto quando ouço alguém com menos cinco anos do que eu dizer "não é do meu tempo" ou "nunca ouvi falar" quando me refiro a uma banda, uma música, um filme, um nome sonante duma época em que eu era apenas uma menina mas pela qual tenho fascínio. Tenho 31 anos, já agora, para que não fique no ar.
O... chamei-lhe projecto? Que idiotice! O... este espaço (é simples mas é o que é) não é ideia original minha :-( mas um desejo muito antigo de adaptação. Surgiu quando vi o filme Wild Orchid 3 (antes mesmo de ter idade para o fazer, mas também, verdade seja dita, nunca me foram vedados filmes com argumento na idade). Não é dos melhores que já vi, isso sem a mais ínfima margem para dúvida, mas, sabe-se lá porque motivo que não se deixa conhecer, marcou-me. Dos três que vi, aliás, o primeiro é o meu favorito. O mais alternativo, se é que a palavra aqui pode ser aplicada. O segundo não foi mais do que desperdício de dinheiro, trabalho, fita e do precioso tempo que passei acordada para o ver, se bem que na altura não me fazia tanta falta...
Deste filme ficaram-me frases como "qualquer idiota pode conduzir um carro, mas só um génio consegue que os amigos a levem a todo o lado" ou "she was never a chick, she was always a lady". Não são citações literárias mas gravaram-se facilmente na minha jovem mente esponja. Talvez por isso nunca me tenha esquecido do que ela (personagem principal) queria: um espaço de partilha em que pudesse receber e partilhar diários. Não é o que pretendo; pelo menos não de forma tão crua. A minha consecução do seu desejo é bem mais simples: partilha de pensamentos, ideias, experiências, lamentos, alegrias, expectativas, sonhos, tudo o que quem visitar o Red Shoes queira partilhar.
O desafio, contudo, será manter este espaço actualizado. Neste momento tenho tempo para o ir preenchendo mas avisto tempos em que tal faltará. Vamos até onde pudermos ir, depois logo se verá...
Para quem não sabe a que filme me refiro, eis um teaser em jeito de doce