segunda-feira, 23 de novembro de 2009

duas viagens inspiradoras

olá...
hoje queria partilhar convosco algo que me tem marcado bastante nestas semanas... no outro dia, ao pesquisar um assunto na internet, fui parar a uma notícia que falava de alguém que foi viajar pelo Equador. Nessa notícia, havia imensas fotos que retratavam a realidade encontrada neste país, e alguns relatos de viagem... e o que mais me marcou foi a história de duas crianças que esta pessoa encontrou, o Juan, de 10 anos, e o Eduardo, de 12. Este miúdos percorrem o Equador com os seus números de malabarismo e equilibrismo... são duas crianças apenas! Mas a verdade é que estão a cargo um do outro. Vivem sozinhos há 5 anos, altura em que os seus pais, também eles artistas de rua, os abandonaram enquanto eles estavam a fazer o seu número numa praça, junto de uma igreja, no Quito. De facto, receberam imensos aplausos e muitas moedas... mas nunca mais viram os pais. O mais impressionante, é ver que os dois ficaram ali na praça... à espera que os pais voltassem... provavelmente porque os seus corações de criança não poderiam conceber a ideia de uns pais que desaparecem sem dizer nada, muito menos que os abandonassem... Dormiram ali na praça, ao relento, durante uma semana... até decidirem que deviam "fazer-se à estrada" e fazer o que melhor sabiam para poderem sobreviver. Citando as palavras de uma das crianças, o Juan, "Não sabemos o que lhes aconteceu mas ainda temos esperança de os encontrar na estrada.", vejo como a esperança não é única a restar quando tudo parece terminar... o amor também permanece... até ao fim! Que pode levar este menino de 10 anos a ter a esperança de encontrar os pais, senao o amor que existe dentro? Amor de criança, inocente, brilhante, que não se deixa afectar pelo rancor, ou por histórias que muitas vezes nós adultos vamos imaginando dentro de nós e que tanto afectam a nossa realação com os outros. "Ah, não lhe ligo porque ele também não me liga a mim." ou "eu, falar com aquela pessoa? ... nem pensar, magoou-me muito, estou muito zangada!" ... enfim... são tantos os exemplos... Destas crianças, aprendo esse amor desinteressado, livre, alegre... "Hoje estamos bem, amanha logo se vê".
Por outro lado, parte-se o coração ao ver que estas crianças (e muitas outras bem sei) estão privadas de tanto a que têm direito... família, casa, comida sobre a mesa e em ambiente de família, escola, educação, .... tanta coisa a que lhes está vedado o acesso...

Visitem http://jn.sapo.pt/blogs/nomada/default.aspx

Outra história que muito me marcou é a de um jovem espanhol, nascido em Barcelona, jornalista, que um dia resolve fazer uma viagem diferente. Chega à agencia de viagens e diz que quer ir para qualquer lugar... Pedem-lhe que feche os olhos e aponte para um sitio no mapa... e apontou para a India. Coincidência? Não me parece! Viaja para a India e no meio das suas descobertas pelos mais variados locais, descobre um orfanato que está prestes a ser encerrado. Jaume Sanllorente vê-se, assim, frente a uma realidade completamente nova... assustadoramente real! Como fechar os olhos a tanta pobreza, a tantas crianças que são roubadas por redes organizadas que depois mutilam essas mesmas crianças para que possam tocar mais o coração das pessoas quando as põem a mendigar? Como fechar os olhos a tantas crianças inocentes, privadas da sua infância, privadas do seu próprio corpo, exploradas por mafias para quem a vida não tem valor ... pois se uma criança morrer, logo encontram outra... Como fechar os olhos a uma realidade em que os próprios pais mutilam as crianças para que não sejam sequestradas por estas máfias, e poderem ao menos viver em família, já que eles não sequestram crianças que já estejam mutiladas, porque podem já pertencer a outros grupos, e nenhum grupo toca nas crianças do outro grupo... Jaume sentiu-se profundamente tocado por esta realidade, e perante um orfanato com cerca de 40 crianças que corria risco de ser fechado e as crianças serem enviadas para as ruas, Jaume sente que não pode fechar nem os olhos, nem o coraçao. Volta entao a Barcelona, despede-se, vende o apartamento, volta à India, e aplica o seu dinheiro no orfanato. Cria assim uma ONG com o nome "Sonrisas de Bombay" (sorrisos de bombaim), desenvolvendo projectos de apoio às realidades mais pobres de Bombay, incluindo os leprosos, que são considerados intocáveis. Esta não é certamente a realidade tão pobre que a novela da Sic transmite, onde tudo é tão colorido, inclusive o mundo dos Dalit... mas será que sabem o que é de facto o mundo dos intocáveis? não é como na novela.... é uma realidade MUITO dolorosa, assustadora, mas real!
Esta viagem tocou-lhe a alma e o coração... Um jovem que certamente vivia no conforto, seguiu um chamamento interior ao amor, a dar-se completamente, deixando TUDO para poder renovar uma realidade destruida... e hoje, tem um sorriso que espelha bem a alegria interior desta opção. É uma pessoa feliz... um rosto de Deus no mundo actual (creio eu). Hoje, os frutos da sua opção já ultrapassaram as 5000 pessoas, incluindo crianças, doentes, e outras pessoas carenciadas, para além de dar emprego a muitas pessoas através da organização e das escolas que vai construindo.

Visitem http://www.sonrisasdebombay.org/nosotros.html

Sem comentários:

Enviar um comentário