sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A change is gonna come

Já dizia a música " a change is gonna come" e eu consigo senti-la, cheirá-la, quase tocá-la, mas será que sim?
Anos a sonhar, a esperar, a adiar e a projectar. Quando finalmente me decido, porque tem que ser, porque não dá para esperar mais, porque provavelmente só vai piorar, eis que piora mesmo!... E esta hein? Pois... raios partam a crise de que toda a gente fala; de que são culpados alguns mas da qual todos padecem e pela qual todos sofrem (uns mais do que outros, como sempre). Tenho que admitir o meu medo, o meu pânico controlado, porque ele existe, não é triste, nem é fado, mas existe e é medonho, o próprio medo. Claro que não vai ser esta nuvem que vai impedir a prossecução dos meus planos, mas vou viver daqui para a frente com receio, com o coração nas mãos, como se costuma dizer. Vou assumir o que sempre me gabei de não ter: um crédito! O momento chegou em que não se pode esperar mais. A casa que tenho não me permite avançar com o sonho da minha vida e não há outra forma de o fazer se não por meio desse grande monstro papão que me acorrentará até depois da minha morte; sim, porque duvido que aos 77 anos ainda cá ande a dar cartas e a opinar... enfim, agarro-me à esperança de que esta solução me preencha o abraço e dê cores mais vivas à minha vida. Bring it on!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Flavour

I was recently told life is pink and tastes of chocolate. It is rather an over-romantic dreamy line and a somewhat difficult to take seriously statement but the truth is… it got me wondering: what colour would I say my life is and what does it taste like? Well, I am tempted to say it is blue, but that would suggest sadness, or white, but that would imply blankness, so I have to admit I am still puzzled and undecided as to what colour my life is.

As for taste, well, that I know; it tastes of morning air. It may feel more like a smell rather than a taste, but I mean that dewy fresh feeling that rests on one’s throat after taking a deep breath on a beautiful spring morning while there is still a light fog, just above the grass line… that’s what my life tastes like.

sábado, 7 de agosto de 2010

Desalento inerente

E simplesmente vais deitar-te, sem sequer tentar perceber o que estás a fazer de errado, porque, afinal, ao que parece, a culpa é minha, certo?

Desde sempre, mas sobretudo desde que tudo isto começou, eu tenho sido quem apara os golpes, quem segura a situação, quem te ampara, te dá alento e colo, sou eu quem tenta levantar-te e fazer-te ver a vida; mas não na tua óptica, pelo menos não de forma total. Dependendo da altura do dia, dependendo do teu estado de (in)consciência, eu tanto sou o teu anjo, que te guia e te segura, como sou eu quem te chateia e começa discussões que só tu sabes que temos (porque eu estou perdida, a tentar perceber que raio dizes, que encadeamente fizeste, e porque usas esse tom). No entanto, quem muda és tu, que usa expressões como “lá estás tu” quando é a primeiríssima vez que toco no assunto, e quem distorce és tu.

Ninguém seria, ninguém é, tão compreensivo, tão paciente, tão amigo, como eu, mas sou eu quem se esgota a chorar depois de te deitares porque não entendes o que andas a fazer de errado, e pelos vistos também não tens interesse em saber, porque não pensas no assunto.

Eu não sou psicóloga. Eu faço o melhor que sei, conforme posso, nem os teus pais te conhecem como eu e mesmo assim não consigo. Passas do mimo excessivo à agressividade gratuíta. Temos visões diferentes sobre um simples filme. Estás farto de saber a minha opinião, mas tratas o assunto com um dramatismo exacerbado, contorcido. De um momento para o outro eu já estou a querer impedir-te de comprar filmes porque considero que és bronco e os meus são melhores do que os teus, mesmo que alguns (dos meus) não sirvam para nada. Não foi nada disso e estás a distorcer tudo sem qualquer necessidade. Mas queres ouvir, realmente ouvir, o que eu digo? Não. Preferes usar esse tom como se fosse eu a mudar de postura e a tentar dominar algo sem qualque sentido. E eu estou a sentir-me completamente estúpida e sem qualquer coerência a debitar isto tudo porque apenas eu vi e senti; não consigo descrever e aposto que não entenderias se lesses ou mesmo se ouvisses, porque, neste momento, só ouves o que pensas; nem o que dizes ouves.

Amanhã vais levantar-te como sempre, a deambular, a procurar-me, e não vais lembrar-te do que fizeste porque, mesmo que te lembres, vais virar costas e preferir deixar para trás. Eu vou ficar a moer, a acumular e... a recear que com o avançar do dia e o teu despertar volte a acontecer. E como é que eu te faço ver e entender algo para o qual fechas os olhos ou viras as costas?

Toda a gente me pede paciência e todos se preocupam comigo, mas no fundo, a preocupação de toda a gente é contigo; é com a minha postura para contigo; é sobre a minha real capacidade de aguentar, suportar e carregar tudo o que se passa. Se eu não percebesse isso talvez fosse mais fácil, porque poderia enganar-me e acreditar; mas eu percebo e não posso dizer isso como gostaria – bem alto, bem rápido, lavando a alma!

Vou continuar do teu lado, vou continuar a segurar a tua cabeça, mas não será estranho quando me apetecer sair porta fora porque não aguento mais e preciso de explodir; só que não o farei, porque terei sempre medo que desta vez saltes mesmo da varanda, não estando lá eu para te segurar. Por isso dorme. É melhor que durmas, mesmo que a pensar que não me entendes e não sabes o que fizeste (nada) para que eu evite olhar-te e pouco te fale antes de te deitares com toda essa razão que não tens e não entendes

domingo, 11 de julho de 2010

If only I could

Ontem falámos em viver noutro país, com esperança, melhor do que este. Sem dúvida que há países melhores, com melhor qualidade de vida mas, neste momento, não há países que se destaquem. O mundo está em tumulto!
Durante muito tempo essa também foi uma mão que me chamava, uma porta que deixava passar luz, mas não pude aceder a esse chamamento. É engraçado como nos prendemos; se não por situações, por pessoas, por responsabilidades, por obrigações. Pelo menos a nossa presença fica presa. Mau, realmente muito mau, é se nós - espírito, vontade - ficarmos presos também. Eu continuo livre, mesmo com as minhas amarras e algumas raízes. Não posso permitir-me deixar de voar e, muito menos, de sonhar.
Não pertenço aqui. Estou aqui porque sim, porque a vida me conduziu até cá e fiquei. A minha vida é sábia, muito sensata, sabe sempre o que faz. Quando questiono e me ergo para contrariar, consigo vê-la, calmamente sentada dizer, pausadamente, 'tem calma, relaxa, um dia entenderás...' e é verdade; tudo o que outrora não entendi, algumas coisas que critiquei, ingenuamente, por falta de vivência, a minha sábia vida tratou de me fazer entender, demonstrando, fazendo vivenciar. Por isto sei que devo ter calma e aguardar. Um dia estarei onde pertenço e viverei como gostaria.
Foi curiosa a surpresa na tua postura quando te disse o que gostaria de fazer 'if I could'. Tenho quase total certeza de que já te tinha dito. [Em tantos anos já te disse tanto que por vezes me esqueço do que disse e do que deixei para depois. Não se devem deixar palavras partilhadas para depois; tentamos que não aconteça mas, por tempo, humor, ou prioridades, há sempre o que fica para depois e, muitas vezes, fica esquecido no turbilhão de acontecimentos que são os dias.]
Sim, isso é o que eu gostaria de fazer. Melhor: isso é o que farei. Até sei quando, mas não digo porque é triste e prefiro não pensar. Esse ponto de partida, preferia que nunca acontecesse; preferia não chegar nunca ao meu lugar; mas a vida não é eterna e nem todos somos para sempre.
Sei, mais ou menos, como será feito, mais ou menos como se seguirá mas prefiro não planear. Sonhar é suficiente, para já, e mesmo isto, sem grande pormenor. Basta-me a sensação... Se não posso, ainda, ter os momentos, ninguém pode privar-me de imaginar as sensações.
Um regresso a casa. É assim que sinto.
Regressar a casa sempre foi voltar ao local em que posso descansar, despojar-me, sentir segurança e perfeito relaxamento; por isso casa tem sido em muitos lados. Hotéis, por exemplo. Ouço pessoas dizerem que os hotéis são impessoais. Quando estou em viagem, um hotel é a minha casa. Quando chego e posso atirar o corpo à cama, estou em casa.
O regresso a casa, de que falo, é diferente. É um apelo, uma necessidade ventral, uma falta de algo que ficou e que precisa de ser colmatada; como naquela música "I'm coming home, to the place where I belong"...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Como estás?

Se me inscrevesse num curso para actores, decerto que o faria em metade do tempo com o dobro da nota média final.
Antes de sair de casa preciso sempre de respirar bem fundo, forçar um sorriso e lembrar-me dos aspectos positivos de sair para um novo dia. No regresso faço algo tão semelhante como oposto. Deixo cair a capa, relaxo os ombros, respiro fundo e penso, já não preciso de carregar este peso nas próximas horas; posso deixar-me cair no marasmo do sofá e desacelerar o cérebro.
Na verdade, isto era d'antes... Ultimamente, Atlas teria pena de mim!
Para além de não ter como deixar cair o fardo, acumulo mais do que um, num malabarismo que, por vezes, nem eu sei como consigo. O pior, pior mesmo, é perceber que as minhas capacidades de representação começam a enfraquecer e é cada vez mais difícil equilibrar os pratos da balança. O cansaço aumenta, a confiança diminui, a vontade esvai-se. Não é difícil dizer "só mais um bocadinho; depois podes deixar cair." Difícil é avaliar como a queda será e que repercussões terá.
Abomino quem se senta à menor areia no sapato, contudo, torna-se muito dolorosa a caminhada quando se carrega uma rocha.
Odeio quem não tem noção do que anda a fazer à face da Terra e não vê (ou vê mas não tem perspectiva suficiente para perceber) o efeito dos seus actos nas outras pessoas.
Invejo quem pode bater na mesa, levantar-se e sair, sem olhar para trás, sem pensar em consequências.
Não custa muito perguntar, pelo menos: "como estás?" Ou se calhar até custa e sou eu quem tem uma perspectiva egoísta por esperá-lo.
No fundo, acredito que o problema esteja, realmente, em mim. O que pode esperar uma pessoa que mostra força e segurança quando na verdade é frágil e limitada, como qualquer ser humano?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Há dias assim


Se bem me lembro foi este o título da canção portuguesa no festival da eurovisão. No meu caso, nem são bem dias, são semanas, meses, anos!, sim, por acumulação...

Há dias em que me questiono porque é que o mundo gira tão lentamente, porque é que toda a gente parece estar em slow motion quando eu me movimento a mil à hora com dezenas de tarefas e solicitações, quantas simultâneas, e toda a gente se movimenta levitando, como se não tocásse no chão.

Há dias, semanas, meses, em que nos cai o mundo todo em cima, em que até Atlas se questiona como aguentamos, em que queremos atirar tudo ao ar, desistir, gritar, chorar; em que até a representação que tão bem aprendemos a fazer se torna difícil. Mas depois há aquele momento, que surge nem se sabe bem como ou de onde em que uma palavra rompe as nuvens e de lá brota um morno raio de sol, que nos ilumina o sorriso e o torna natural e finalmente espontâneo... o que fazemos realmente toca alguém; alguém nos confessa que a sua postura, a sua motivação, a sua energia muda por meio do nosso toque. E um sorriso brota como na terra seca e crestada do barro há muito sedento...

Obrigado Sr. Júlio! Obrigado por ter trazido aquele raio de sol à minha tão sombria e chuvosa semana. É realmente revigorante e vou transportar esse calor no bolso juntinho ao coração ao longo de toda esta tormenta.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Spot the differences

Eu não sei se sou eu que estou mal e toda a gente está certa, ou se é ao contrário. Duma coisa tenho a certeza: eu não pertenço a este mundo, a esta sociedade, a este grupo de pessoas com as quais não me identifico.
Não há valores, não há responsabilidade, não há educação, não há profissionalismo! Este mundo está podre e cheira mal e eu não quero participar dele. Problema? Pois... no meu caso não se pode aplicar a máxima "quem está mal muda-se" porque eu não me posso mudar. Mas se eu pudesse... Ah...se eu pudesse virar costas a isto tudo!! Garanto que não olhava para trás. Mas não... tive que me encrencar; tive que arranjar amarras!... Agora aguento ou deixo-me levar pela corrente.
Ora bem... afogar ou nadar contra a corrente?...
Estou farta desta gente!! I don't belong here! This is not the way I am and I refuse to accept this is the norm of behaviour

terça-feira, 23 de março de 2010

Changes

Mudança precisa-se! Devia pôr este letreiro à porta da minha vida.

Preciso de mudar de espaço, de rotina, de caras, de vozes, de ar respirável. Provavelmente esta é uma necessidade comum mas para mim é premente, sobretudo neste momento. Quando começo a trocar as palavras e a repeti-las com a segurança de o dizer correctamente, sei que está na hora.
O problema é o tempo. Uma semana parece muito, mas acaba por escapar por entre os dedos mais rápido do que água.
Quero fazer tudo, preciso de fazer tudo. Tudo o que for diferente, tudo o que for relaxante, tudo o que for (por menos que seja) novo. Mas não posso fazer planos. Linhas traçadas raramente são seguidas e tornam-se opressivas. Preciso de respirar.
Anseio pela possibilidade de espreguiçar sabendo que posso simplesmente arrastar-me e preguiçar num novo início de dia; mesmo que "novo início de dia" signifique menos um dia para o fazer.


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mais um ano...


Ontem acumulei mais um ano na minha história de vida.
Não foi uma data marcante. Ainda!... Dentro de três anos terá maior relevância, assim como teve há dois anos atrás. São alfinetes coloridos que vou espetando no mapa da minha vida. Só marco alguns porque há trajectos que ainda não vislumbro.
Tive um dia feliz, mimado e (irregularmente) relaxado.
Não há muito que queira partilhar sobre a simplicidade do dia que passou. O que realmente se destaca é a felicidade que mantenho e, tal como os anos, acumulo :)
O meu sincero obrigado a todos quantos participam neste meu estar na vida.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Como nos filmes

Às vezes sinto como se tivesse calçado umas botas de cimento e saltado para dentro de água.

Quantas vezes já vimos em filmes alguém em sofrimento que agarra uma mão e, enquanto agradece e respira com sofreguidão, de alívio, percebe que não se trata duma mão amiga...?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

o meu Amor por Ti é Infinito

A pessoa que eu amo está a passar um mau período, na sequência duma cirurgia. Sentir a sua ausência e saber o seu sofrimento provoca-me uma dor claustrofóbica.
À noite, finjo que o seu corpo está mais próximo da beira da cama, mas falta o seu calor. Ao serão, faço tudo para fingir que está a metros de mim, entregue a outra actividade que não a minha. Por sorte, ou sobrecarga, o trabalho ocupa-me a atenção que a televisão não absorveria.
A outra metade de mim faz-me falta, dá-me sede e faz-me frio. Preciso-lhe dos abraços, dos gestos, dos sons e do olhar, aquele olhar tão seu, tão mimado por mim, que agora franze e fecha de receio.
Ao coração que partilha o meu dou todo o meu carinho, atenção e paciência, mesmo quando não estou a seu lado. Não sei se sabe que é nessa ausência que mais perto estou, porque é nesse hiato que mais tremo por não poder mostrar o sorriso que lhe diz que está tudo bem porque o meu amor é infinito.
O ser que partilha a minha vida partilha comigo, e só comigo, o abrir da sua fragilidade e eu choro também, porque é nos momentos mais difíceis que mais devemos amar.