terça-feira, 24 de novembro de 2009

Também fui...


Hoje fez parte do noticiário da tarde a situação dramática em que vive a sociedade actual, no que se refere a violência doméstica. É muito duro e é muito vergonhoso ver que tal se repete incessantemente mas que é condensado numa notícia, esmagada entre outras notícias, como se de apenas mais uma situação se tratasse. Aquelas mulheres merecem mais respeito! Inserir uma notícia no alinhamento, daquela forma, não é um chamar de atenção, é mais violência. Francamente, choca-me muito mais este tipo de violência do que atentados que matam milhares de inocentes. Perdoem-me o egoísmo mas vivi violência e nunca vivi um atentado. Se tivesse sido o inverso, de certo que teria uma perspectiva diferente.
Cresci com violência, a minha educação teve sempre esse pano de fundo e na idade adulta tive que lidar directamente com violência, por isso me choca, me revolta, me agonia ler, ver, ouvir, saber que tal existe de forma impune. Neste momento, já nem de marido e mulher se trata; as jovens na escola básica já sofrem caladas e, provavelmente, sem perceberem o que lhes está a acontecer, o que só auxilia a perpetuação do ciclo.
Não vou nem aflorar o que poderá estar na origem de tais comportamentos. Como toda a gente, tenho várias visões e perspectivas do ponto de partida. Mas não resisto a dizer isto: pais, mães, PAREM DE FAZER OS VOSSOS FILHOS ACREDITAR QUE PODEM TER TUDO O QUE QUISEREM! As pessoas não são posse, a escravatura há muito que terminou e, por mais diferenças que existam entre as pessoas, não há estratificação para o Ser Humano.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

duas viagens inspiradoras

olá...
hoje queria partilhar convosco algo que me tem marcado bastante nestas semanas... no outro dia, ao pesquisar um assunto na internet, fui parar a uma notícia que falava de alguém que foi viajar pelo Equador. Nessa notícia, havia imensas fotos que retratavam a realidade encontrada neste país, e alguns relatos de viagem... e o que mais me marcou foi a história de duas crianças que esta pessoa encontrou, o Juan, de 10 anos, e o Eduardo, de 12. Este miúdos percorrem o Equador com os seus números de malabarismo e equilibrismo... são duas crianças apenas! Mas a verdade é que estão a cargo um do outro. Vivem sozinhos há 5 anos, altura em que os seus pais, também eles artistas de rua, os abandonaram enquanto eles estavam a fazer o seu número numa praça, junto de uma igreja, no Quito. De facto, receberam imensos aplausos e muitas moedas... mas nunca mais viram os pais. O mais impressionante, é ver que os dois ficaram ali na praça... à espera que os pais voltassem... provavelmente porque os seus corações de criança não poderiam conceber a ideia de uns pais que desaparecem sem dizer nada, muito menos que os abandonassem... Dormiram ali na praça, ao relento, durante uma semana... até decidirem que deviam "fazer-se à estrada" e fazer o que melhor sabiam para poderem sobreviver. Citando as palavras de uma das crianças, o Juan, "Não sabemos o que lhes aconteceu mas ainda temos esperança de os encontrar na estrada.", vejo como a esperança não é única a restar quando tudo parece terminar... o amor também permanece... até ao fim! Que pode levar este menino de 10 anos a ter a esperança de encontrar os pais, senao o amor que existe dentro? Amor de criança, inocente, brilhante, que não se deixa afectar pelo rancor, ou por histórias que muitas vezes nós adultos vamos imaginando dentro de nós e que tanto afectam a nossa realação com os outros. "Ah, não lhe ligo porque ele também não me liga a mim." ou "eu, falar com aquela pessoa? ... nem pensar, magoou-me muito, estou muito zangada!" ... enfim... são tantos os exemplos... Destas crianças, aprendo esse amor desinteressado, livre, alegre... "Hoje estamos bem, amanha logo se vê".
Por outro lado, parte-se o coração ao ver que estas crianças (e muitas outras bem sei) estão privadas de tanto a que têm direito... família, casa, comida sobre a mesa e em ambiente de família, escola, educação, .... tanta coisa a que lhes está vedado o acesso...

Visitem http://jn.sapo.pt/blogs/nomada/default.aspx

Outra história que muito me marcou é a de um jovem espanhol, nascido em Barcelona, jornalista, que um dia resolve fazer uma viagem diferente. Chega à agencia de viagens e diz que quer ir para qualquer lugar... Pedem-lhe que feche os olhos e aponte para um sitio no mapa... e apontou para a India. Coincidência? Não me parece! Viaja para a India e no meio das suas descobertas pelos mais variados locais, descobre um orfanato que está prestes a ser encerrado. Jaume Sanllorente vê-se, assim, frente a uma realidade completamente nova... assustadoramente real! Como fechar os olhos a tanta pobreza, a tantas crianças que são roubadas por redes organizadas que depois mutilam essas mesmas crianças para que possam tocar mais o coração das pessoas quando as põem a mendigar? Como fechar os olhos a tantas crianças inocentes, privadas da sua infância, privadas do seu próprio corpo, exploradas por mafias para quem a vida não tem valor ... pois se uma criança morrer, logo encontram outra... Como fechar os olhos a uma realidade em que os próprios pais mutilam as crianças para que não sejam sequestradas por estas máfias, e poderem ao menos viver em família, já que eles não sequestram crianças que já estejam mutiladas, porque podem já pertencer a outros grupos, e nenhum grupo toca nas crianças do outro grupo... Jaume sentiu-se profundamente tocado por esta realidade, e perante um orfanato com cerca de 40 crianças que corria risco de ser fechado e as crianças serem enviadas para as ruas, Jaume sente que não pode fechar nem os olhos, nem o coraçao. Volta entao a Barcelona, despede-se, vende o apartamento, volta à India, e aplica o seu dinheiro no orfanato. Cria assim uma ONG com o nome "Sonrisas de Bombay" (sorrisos de bombaim), desenvolvendo projectos de apoio às realidades mais pobres de Bombay, incluindo os leprosos, que são considerados intocáveis. Esta não é certamente a realidade tão pobre que a novela da Sic transmite, onde tudo é tão colorido, inclusive o mundo dos Dalit... mas será que sabem o que é de facto o mundo dos intocáveis? não é como na novela.... é uma realidade MUITO dolorosa, assustadora, mas real!
Esta viagem tocou-lhe a alma e o coração... Um jovem que certamente vivia no conforto, seguiu um chamamento interior ao amor, a dar-se completamente, deixando TUDO para poder renovar uma realidade destruida... e hoje, tem um sorriso que espelha bem a alegria interior desta opção. É uma pessoa feliz... um rosto de Deus no mundo actual (creio eu). Hoje, os frutos da sua opção já ultrapassaram as 5000 pessoas, incluindo crianças, doentes, e outras pessoas carenciadas, para além de dar emprego a muitas pessoas através da organização e das escolas que vai construindo.

Visitem http://www.sonrisasdebombay.org/nosotros.html

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

E é Natal outra vez...


Estamos a meio de Novembro e no meu prédio já há pisca-pisca de luzinhas. Questiono-me para quê. Se houver crianças naquela casa até poderei ser flexível; afinal, lembro-me de fazer a árvore de Natal por esta altura, só pelo prazer de a fazer e de a ver ali, colorida, iluminada, brilhante. Mas depois passava. Afinal do que eu gostava era de a fazer, de colocar as bolas, as fitas, de posicionar as figuras no presépio. Depois de a fazer, alguns dias depois, estava decepcionada por já a ter feito. Apetecia-me tirar tudo e vou voltar a fazer, quando me desse aquela vontade ansiosa de novo. Alguns anos depois deixei de gostar do Natal. Foi mesmo assim: radical - deixei de gostar.
Com o passar dos anos fui descobrindo motivos para desgostar, mas eram meras desculpas para justificar um corte abrupto que nunca havia justificado.
Este ano, contudo, algo de muito estranho de passa. Este ano estou a gostar de ver decorações de Natal, não nas varandas, mas nas lojas. Já dei por mim a observar decorações e a querer comprá-las; pior! Dei por mim a bater o pé (mentalmente, claro) porque queria comprar aquela peça mas não ficaria bem na sala por ser vermelha. Eu!? A querer decorações de Natal!! Chamem o INEM e internem-me que é desta; já não tenho retorno...
Entretanto, penso que percebi o que se passa... foi o momento que chegou... aquele momento a que me referi noutra entrada. "O" momento! Mas esse... é para saborear

Vou avançar!


Eis no que meio da loucura a que me sujeita esta vida, de entre a insanidade em que me mergulham as circunstâncias do dia-a-dia, se ergue a toda a força, rasgando a hesitação, qual ser que quebra a terra seca e se impõe com um rugido...o momento! Aquele momento pelo qual esperei tantos anos; o momento que eu sabia que havia de chegar e que não podia ser adiado ou apressado; o momento de "tem que ser agora; não posso esperar mais". É libertador, é dominador, é intenso ao ponto da lágrima. É agora! Decidi! Não vou esperar pelo próximo ano. Nos dias de férias entre o Natal e o Novo Ano vou entregar a documentação que iniciará uma nova etapa na minha vida; a etapa porque sempre ansiei e, tenho que o admitir, sempre temi (e admito ainda mais do meu íntimo, ainda temo e tremo).
Longa será a espera mas vital a minha determinação. Venha o que vier, aconteça o que acontecer, não vou hesitar mais. Decidi! O momento chegou