quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher

Feliz dia em que ainda é preciso chamar a atenção do mundo para as mulheres que, no século XXI, ainda são mal-tratadas, abusadas discriminadas e consideradas inferiores, mesmo que tenham que ser mulheres, profissionais, mães, amantes, esposas, filhas, donas de casa, e tanto mais... enquanto do homem ninguém espera mais do que seja isso mesmo. Um homem, apenas por o ser, não tem que provar ou afirmar nada.
Os dias de ____ só existem quando algo está mal e, por isso, precisa de ser visto e mudado.

Só existem dias internacionais quando algo está errado com o tema que constitui a “celebração”. O Dia Internacional da Mulher não foge à regra.

Por todo o lado se vêem publicitações a festas, jantares, convívios, prendas, toda uma panóplia consumista e sem outro significado que não seja realçar a Mulher neste dia. E a Mulher nos restantes dias? E porquê o Dia Internacional da Mulher no dia 8 de Março?

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Quem pensa nisto quando se vai divertir para a discoteca com as amigas? Não defendo que devemos encarar este dia como um dia de luto e tristeza, mas acho que deveriamos agradecer e reverenciar estas e tantas outras Mulheres que deram a vida, a liberdade e o conforto para que as Mulheres de agora possam gozar da liberdade e dos direitos de que gozam. Direitos estes de que, tantas vezes, nem fazem uso. Tomamos por certo e pouco importante aquilo porque lutaram as nossas antepassadas.

Disto não faltam exemplos. O que mais vestem as Mulheres? Calças! Quem é capaz de dizer que, muitas vezes, se sente desconfortável por usar saia? Não recrimino, de todo; caminham melhor, sentam-se sem problemas de feminilidade, podem correr e não têm os seus passos travados. Mas alguém pensa nas que foram chamadas de sufragistas, discriminadas e humilhadas e até presas, por quererem usar calças? Na altura limitavam-se a usar um modelo algo estranho que consistia em apertar as saias compridas abaixo dos joelhos. Claro que podemos dizer que não passa de moda e não tem importância nenhuma. Abordemos, então, um direito que muito custou a adquirir e que hoje as mulheres desbaratam porque não lhes apetece sair, porque têm mais que fazer, porque não acreditam ou, simplesmente, porque preferem divertir-se em vez de participar nas decisões e no futuro do país. Falo do direito ao voto. Não esqueço um poster antigo que uma das minhas professoras (na Universidade) tinha na parede do seu gabinete. Tinha imagens exemplificativas que acompanhavam o seguinte texto: O que uma Mulher pode ser e não ter direito de voto – mãe, professora, médica, trabalhadora, (...); o que um homem pode ser e não perder o direito de voto – condenado, bêbedo, proprietário de escravos, demente, (...) E as Mulheres? O que fazem as Mulheres com este direito?

Sabia que as Mulheres continuam a ser discriminadas no trabalho? Fazem as mesmas, quando não mais, horas de serviço e ganham, em média, menos do que os homens. Nas entrevistas, ainda se pergunta se uma Mulher pretende engravidar, mesmo sabendo que este tipo de questão é proibida por lei.

Em casa, a Mulher continua a trabalhar. Quando foi a última vez que chegou a casa e se sentou no sofá a ver televisão antes de fazer trabalho doméstico? Porque não são as tarefas divididas? Porque será que quando há algum problema com os filhos estes e a responsabilidade competem à Mulher? Porque será que é a própria Mulher que critica a sua semelhante? Porque, caras(os) leitoras(es), a Mulher ainda se autodiscrimina. Porquê? Por vários motivos. Eu aposto na inveja; mas não vou desenvolver... Qual é a vossa opinião?

Porque será que nos arrepiamos com as atrocidades que são cometidas contra as Mulheres em todo o mundo, mas deixamos de pensar nisso logo que alguma trivialidade se nos apresenta e controla toda a nossa atenção? Porque nos encolhemos em vez de tentar saber o que podemos fazer, por menos que seja, para ajudar as Mulheres que continuam a ser mutiladas, em África? Sabia que, nos países Árabes, se uma Mulher for violada é presa por praticar sexo fora do casamento, ao passo que o criminoso continua a sua vida livremente? E o que dizer das Meninas chinesas que são mortas apenas porque nascem mulheres?

Até há bem pouco tempo, no nosso país, prevalecia a lei de “entre marido e mulher, não metas a colher.” Quantas Mulheres são violentadas, martitizadas, humilhadas e, em última instância, mortas, no seu próprio lar, ou no que deveria ser um lar. A sua vizinha pode estar a sofrer, mas você não vê. Porquê? Porque está metido(a) na sua vida e, no dia 8 de Março, vai dar/receber uma rosa e vai divertir-se com as suas amigas. E as Mulheres que abdicaram de tudo para você poder fazer isso?

Faça um favor a si mesma e abra os olhos para a sua semelhante. Faça uso dos seus direitos. Homenageie as Mulheres que lhe permitiram a liberdade de que goza. Acabe com o Dia Internacional da Mulher!

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