segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Quem conta um conto...

...acrescenta um ponto. Sempre ouvi dizer. Contudo, esse acrescento nem sempre se deve à falta de memória para a exactidão, nem sempre tem por base a necessidade de tornar o conto mais interessante, mais dramático, por vezes o acrescento é uma deturpação exagerada, que pode ser vergonhosa, quando deliberada ou causadora de muitos mal entendidos se inadvertida. Quando ouvimos um conto é (quase) impossível dissociarmos o que ouvimos da nossa perspectiva e da nossa bagagem, mas há quem se cole de tal forma a essa roupagem egoísta que não consegue ver a realidade como lhe é apresentada; de tal forma que cria um texto tão alheio à realidade que se torna o oposto do que acabou de ouvir. A cereja no topo deste mau bolo é quando essa perspectiva tão errada e esse conto tão deturpado são transmitidos a terceiros, que a recebem como verdade e fazem o seu próprio juízo de valor.
Porque não podemos simplesmente ouvir e ver o conto que nos é confiado? As palavras raramente vêm sós; há o tom e a velocidade de voz, a linguagem corporal, os gestos, ... tudo isso contribui para a mensagem. Vamos lá levantar os olhos e afinar os ouvidos para não reproduzirmos um conto errado. É muito feio mentir, mesmo que inadvertidamente. Para mais, há pessoas que deturpam para que o texto lhes sirva melhor e lhes preencha os propósitos.. muito feio! Muito feio mesmo!...

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